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  • Vídeo: Brasileira Trans É Espancada Por Policiais Em Milão, Na Itália


  • Os agentes envolvidos nas agressões foram transferidos para serviços administrativos internos.

Na cidade de Milão, Itália, uma mulher trans brasileira foi alvo de uma agressão brutal perpetrada por quatro policiais, que utilizaram cassetetes e spray de pimenta, conforme relatado pela imprensa local.

O incidente ganhou destaque após a ampla divulgação nas redes sociais de um vídeo capturado por um morador da região, registrando o momento das agressões.

As autoridades do Ministério Público estão conduzindo uma investigação sobre o caso, e os policiais envolvidos foram afastados de suas funções operacionais e realocados para serviços administrativos.


Segundo relatos da mídia italiana, os acontecimentos ocorreram na última quarta-feira, quando os quatro policiais foram flagrados golpeando violentamente a vítima com cassetetes na região da cabeça e do corpo, ao mesmo tempo em que borrifavam spray de pimenta.

Nas imagens, é possível observar a mulher erguendo suas mãos em sinal de rendição enquanto sofria as agressões, até ser imobilizada de bruços e algemada.

A vítima, identificada como Bruna (41), uma transexual brasileira natural de Fortaleza, concedeu uma entrevista ao jornal Corriere Della Sera, na qual revelou que estava envolvida em uma discussão com um grupo de "cinco peruanos bêbados" que a insultavam quando os policiais a abordaram e a colocaram à força dentro de uma viatura.

Bruna afirmou que, dentro do veículo, começou a protestar e se debater, o que levou os policiais a interromperem o trajeto. Ela relatou: "O chefe disse para parar o carro e declarou: 'Agora vamos dar uma lição nele.' Ele tentou agarrar meu cabelo para me retirar do veículo, mas eu o empurrei e saí correndo".

Na tentativa de se esconder, a vítima procurou abrigo em um canteiro, mas foi encontrada pelos policiais, que continuaram com as agressões.

Momento das agressões — Imagem: reprodução

Posteriormente, Bruna foi detida pelos policiais e permaneceu sob custódia por aproximadamente seis horas. Durante seu período de detenção, ela informou ter recebido a visita de um representante do consulado brasileiro.

Em sua entrevista, Bruna expressou sua angústia e desespero durante as agressões, alegando ter levantado as mãos e suplicado para não ser brutalizada. Agora, ela está determinada a buscar justiça por meio de um processo legal.

De acordo com o jornal La Repubblica, o Ministério Público de Milão está conduzindo uma investigação completa sobre o caso. A procuradora Tiziana Siciliano abriu um processo por danos agravados em decorrência do abuso de função pública.

O secretário de Segurança de Milão, Marco Granelli, declarou:

"Um incidente grave ocorreu esta manhã envolvendo uma pessoa e alguns agentes da polícia local. Atualmente, estão sendo realizadas investigações para esclarecer o ocorrido e considerar possíveis medidas comunicadas às autoridades judiciais, bem como medidas disciplinares, se necessário".

Granelli acrescentou que os policiais envolvidos foram temporariamente afastados das atividades operacionais enquanto as investigações estão em andamento.

Embora o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, tenha classificado o episódio como "grave", ele ressaltou a necessidade de seguir um processo formal para tomar medidas oficiais. Ele afirmou: 

“Não quero dizer coisas imprecisas, estou esperando para ler o relatório [da investigação], caso contrário, arriscaria fazer um comentário genérico e não posso”.

O sindicato que representa os policiais locais, o Sulpl, negou a versão apresentada pela brasileira e alegou que havia uma denúncia relacionada à presença dela nas proximidades de uma escola local. 

O presidente do Sulpl, Daniele Vincini, afirmou que os policiais foram chamados porque Bruna teria assediado crianças da escola e agredido os policiais que tentaram intervir. Ele declarou ao La Repubblica: 

"Os agentes foram obrigados a usar o cassetete e o spray para removê-la do local. Estamos ao lado deles, inclusive com o suporte de nossos advogados, se necessário".